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Por que precisamos pensar em uma formação feminista e antirracista?



Fotografia de Lola Ávarez Bravo - Universidad Femenina 1943


Por que precisamos pensar em uma formação feminista e antirracista?

Em entrevista concedida em 1994, Paulo Freire afirmou que o analfabetismo poderia ter sido erradicado com ou sem o seu método, já que o que havia faltado fora basicamente vontade política.


A diferença entre os métodos, contudo, é que o seu unia educação e cultura e partia da realidade de vida de cada um, fazendo com que os conhecimentos práticos fossem a lógica do seu modo de alfabetização.


A colonização à maneira capitalista e as bases na qual se funda nossa sociedade atual — os processos históricos de misoginia e a escravidão — são parte estruturante da vida que aqui se alarga.


Diante disso, é preciso dizer: as lógicas racistas e patriarcais organizam não apenas as relações individuais e privadas, mas constituem e determinam as funções sociais a que mulheres e negros se sujeitam. Estas lógicas organizam, antes de tudo, as instituições políticas e sociais em todos os níveis, e especificamente no nível da produção de conhecimento, da formação educacional, da criação das leis e do sistema de justiça


Se transformar é práxis, é necessário aglutinar teoria e prática em ajuste e complemento para criarmos uma nova epistemologia, uma nova pedagogia e, consequentemente, formarmos novos agentes para atuação no sistema de justiça, pois de ponta a ponta, de forma majoritária, os(as) profissionais de todas as carreiras jurídicas obedecem e perpetuam as lógicas racistas e patriarcais na prestação do serviço jurisdicional.


É a partir de uma resistência contínua e compromissada de quem atua na área acadêmica e no sistema de justiça que afirmamos ser urgente a reformulação pedagógica ética da formação do Direito no Brasil.


Como nos indagou Freire, “qual a posição do pobre, do mendigo, do negro, da mulher, do camponês, do operário, do indígena neste pensar?”

Nossa proposta não tem um fim. Tem a possibilidade de, em conjunto, podermos nos rebelar para despertar e afetar. Entendermos o caminho escrito através do gênero e raça para subverter e ir além da colonização que nos foi imposta.


Viviana Ribeiro é professora e cofundadora do IPIA – Comunidade de Pensamento. Doutoranda em Direito (PUC-Rio) e mestra em Filosofia (UFF). Graduada em Direito pelo IBMEC - RJ. Pesquisadora egressa do Grupo de Estudos Comparados de Literatura e Cultura (GECOMLIC/UFRJ), coordenado pelos prof Dr. Eduardo Coutinho e prof.ª Dra. Monica Amim. Integrante do Grupo de Trabalho Deleuze da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (GT- Deleuze/Anpof). Integrante do Ciclo de Leitura Espinosa, Puc-Rio.


Rachel Serodio é professora convidada do IPIA – Comunidade de Pensamento, mestranda em Ciências Jurídicas pela Universidade Autônoma de Lisboa - Portugal. Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Fundação Getúlio Vargas (FGV - RJ). Graduada em Direito pela Universidade Cândido Mendes (RJ). Advogada feminista fundadora do escritório Rachel Serodio Advocacia. Cofundadora do Coletivo de Advogadas Familiaristas Feministas.


Referências:


CASSIO, Fernando. Educação Contra a Barbárie, por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar, Org:, Boitempo, 2019

FERNANDES, Sabrina. Se quiser mudar o mundo: um guia político para quem se importa, Planeta, 3ª edição, 2020



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